Tuesday, November 28, 2006
Ainda, Césariny
O Raul Leal era
O único verdadeiro doido do "Orpheu".
Invejava-a eu.
Três fortunas gastou, outras três deu
Ao que da vida não se espera
E à que na morte recebeu.
O Raul Leal era
O único não-heterónimo meu.
Eu nos Jerónimos ele na vala comum
Que lhe vestiu o nome e o disfarce
(Dizem que está em Benfica) ambos somos um
Dos extremos do mal a continuar-se.
Não deixou versos? Deixei-os eu,
Infelizmente, a quem mos deu.
O Almada? O Santa-Ritta? O Amadeo?
Tretas da arte e da era.
O Raul era Orpheu.
"O Virgem Negra" por M. C. V. (Mário Cesariny).
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