Friday, January 19, 2007

Admira a âmbulância do Santa Maria! E Odemira?

Hoje é 23-Jan de 2007
Lufa-lufa. Acordei às 7. Preparei o pequeno almoço para a minha mãe.O resto da casa dormia. Horários de trabalho desencontrados.
Saí com a cadela uma hora depois. Na entrada do prédio está uma senhora de mais de oitenta anos, a lavar a entrada. "Bom-dia". Lá fora há um vizinho, baixote, que assobia...Sempre o mesmo vizinho. Que fará ali o homem se nem sequer fuma?....À frente. A cadelita faz o seu chi-chi. Linda esta cadelita. Uma Opel está parada em frente com dois jovens sentados, macambúzios. Inexpressivos. Olham para mim?... À frente. vamos até ao canteiro com a cadelita. Mais um presentito mal cheiroso para eu apanhar! Já está! Prá frente!... "Esta praceta é um parque de estacionamento" penso. Do outro lado uma jovem , encostada a um carro espera alguém. Passa o dono do café da estrada de benfica, do lado de lá da praceta." Queres dinheiro, pergunta ela?". Voz alta."Estranho! Não costuma ser ao contrário, neste país de fruta.....?" Lembro-me do apito dourado. E da fruta. Volto para casa do outro lado. Entretanto estaciona ao lado da Opel, uma ambulância, com inscrição do Hospital de Santa Maria, bom carro, vidros fumados, modelo superactual. Saem 3 ou 4 homens com uma cadeirinha de lona alaranjada mais tipo praia."Onde será, perguntam uns aos outros?" " É na porteira, diz um!" "Não tem porteira diz o outro." Apetecia-me ficar ali parada a ver a produtividade dos meios de salvamento nacionais. Mas com as duas carrinhas paradas , não ouso ( ambulância, inclusa, claro) não ouso, decididamente.Tanto homemzarrão a ..."trabalhar" complica e eles implicam que se olhe!!!
Subo os sete andares de elevador e vou à janela para tirar uma fotografia à desbunda. E não é que a ambulância tinha desaparecido, num minuto?"Em menos de um minuto encontraram o doente?" Penso:" Estes senhores andam a brincar. Enganaram-se na morada, iam visitar alguém que se mudou?"E em Odemira morrem pessoas por falta de assistência urgente. Muito mal Senhor Ministro. Excelente distribuição de recurso.

Memórias soltas

Quando os sofás se esvaziam com o tempo ficam as memórias e os cadernos.
Vocês não os vêem a eles, mas eu vejo-os perfeitamente:
No sofá, lá está o Srº Mendes, mais à esquerda, o Srº Director ao meio e ao lado o Drº Gomes . Acabo de me sentar no outro sofá .
As palavras-pensamentos voam para os cadernos.
Classifico-os:
O tipo decente é o Drº. Gomes o terceiro da fila, no primeiro sofá. Magro, alto, homem bonito em tempos, sempre reservado e sem acreditar na bondade dos homens (mulheres incluídas). Consta que tem um casamento desfeito e é amante de uma enfermeira( cuidados e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém) .
O Srº Mendes logo o primeiro sentado, é viciado no acto de falar. Olhando para ele dir-se-ia que os maxilares foram concebidos para tal. Falar.
O Director senta-se no meio. É uma espécie de pai-morto. De facto, ninguém lhe negou nunca a inteligência ( mais fama que proveito a meu ver!) .Trabalhador incansável e nunca cansado tem uma grande apetência por papeís. São a sua realização pessoal, tal como a tela o é para o artista. O seu momento semanal de enorma prazer é encher uma sala sem móveis, com papeis, dezenas deles, ordenados, criteriosamente limpos, logotipos visíveis e se possível carimbos, tipo fotografia, onde cai o carimbo pára a História Universal e todos se inclinam perante a Prova de que o carimbo foi posto.Ou seja. perante ele próprio. A sua existência. Talvez seja a essência do funcionalismo.
É baixote. Magro.Careca.Dizem que a mulher dele é louca. Ele diz que a senhora, a que trata por Isabelocas, tem uma grave depressão. O homem gosta de se rir à gargalhada, por tudo e por nada. Mas é um esganiçar de voz , no feminino, que sai estridente, insuportável. Penso que é natural que a mulher tenha enloquecido.Nunca fala do filho que, diz-se é autista ou coisa assim.
O Director gosta de tudo o que se relaciona com trabalho. Trabalhadores incluídos e trabalhadoras. Gosta de exibir solidariedade, mas é um homem cheio de maldade. Como veremos.

O pacote do Engº Cravinho e o GMF

a estória do Grande –Malfeitor (GMF)
Sumário Ainda hoje tenho pesadelos com o GMF. Como a noite passada. Porquê agora esta recordação bafienta? Não sei. A Teresa tinha um rabiosque, de respeito. Devia pesar 1/3 do resto do corpo dela. “Parece um rabo-de-palha, raio da mulher” pensava eu. . O GMF era do PS (pobre PS) . Certamente é, por isso, que o Eng.º Cravinho diz a propósito do pacote da corrupção que o PS tem rabos de palha. É que o rabo da Teresa era do GMF. Ou ele pensava que era. Será a este pacote que o Engº Cravinho se refere, perdão a este rabo-de-palha! A estória Há muitos anos que o não vejo. Todavia, ontem lá estava ele a prestar depoimento? Testemunho, ou era apenas uma sessão, mais uma sessão de má-língua? O grande mal – feitor!!! Quem diria! O GMF sempre agiu na sombra, cobardemente, mas insultando ”os cobardes” a plenos pulmões. E os cobardes eram todos os que não eram ele. Na altura, eu pensei por mais de uma vez que a Criatura tinha pavor da sua própria cobardia. Nunca conheci ninguém tão vingativo. Tinha um nível de auto-estima tão baixo ou elevado (nem sei!) que vomitava desprezo por tudo e por todos. Depois de uma relação de convívio superficial, onde a criatura exibia o Ego de uma forma tão enfatuada, fiquei à espera que rebentasse! Mas não. Apenas me convidou para tomar uma bebida em casa dele. Eu estava cheia de pressa, de desinteresse e a bebida ficou, no copo… “Então, vamos combinar ir a uma discoteca, um dia destes?” Disse o GMF. A criatura tinha tudo menos vulto de dançarino. “Uma discoteca? Perguntei eu? “ Boa ideia, mas agora, vamos embora …” Se a criatura ficou frustrada não o demonstrou e abandonou a casa dele fechando a porta meticulosamente.” A Teresa que o ature, pensei. Afinal já eram amigos, antes de os conhecer”. O GMF era indubitavelmente um ganhador falante, com um perdedor agarrado às cordas vocais. A certa altura aqueles almoços rotineiros tornaram-se insuportáveis.
Eu e ele, o cara -de -osga!
Havia qualquer ânsia libidinosa, no avançar sub-reptício da Criatura que pesava como uma noite mal dormida. “ É um colega, apenas um colega, um pouco louco”, pensava eu, a principio para me acalmar, mas o pressentimento irrompia, como erva daninha, no meu espírito. Soube que a Criatura telefonava frequentemente para uma casa de prostituição, em frente da colaboradora, da Teresa, no escritório. Dava pulinhos de excitação. Quase roncava, ao telefone...Isto contaram-me. Uma pessoa muito chegada. Ou seja, a própria Teresa que tudo via e ouvia dele.” Ela que o aturasse que o homem era visivelmente carente” pensei várias vezes. Um dia, eu emprestei à Teresa a chave de uma casa que eu estava a vender e servia para despejar bugigangas várias. Ela depois contou-me que tinha tido um encontro romântico com ele naquela casa, com o GMF.!!!! “Romântico, como? perguntei” “ “Fizemos amor” respondeu a Teresa. Pensei “Que falta de gosto! O homem parece uma osga”. A Teresa era quarentona solteira e mal-amada. Percebi, depois que havia, ali, uma associação de interesses. “Ah, bom Teresa, eu percebo, o encontro de duas grandes carências às vezes dá jeito”… “blá, blá que se faz tarde”
Mais tarde confidenciou-me “ Ele queria atirar-se da janela abaixo depois de …” “Ele é um psicótico!” avisei a Teresa.
Quando eu percebi que não me iria safar dos almoços com a Criatura, contei ao meu marido a grande maçada. “Eu também vou a um almoço, convidado surpresa, e o homenzinho põe-se a milhas.”
E assim foi.
Primeiro vieram as apresentações: “ O meu colega GMF , ( pausa) o meu marido E…” “ Você tem um casaco horrível grunhiu o GMF” ao meu marido. Mas o almoço não era mesmo para correr bem. E eu liguei à terra. Eles falaram o tempo todo, nem sei de quê. Penso que de política. Ainda hoje tenho pesadelos com o GMF. Como a noite passada. Porquê agora esta recordação bafienta? Não sei. A Teresa tinha um rabiosque, de respeito. Devia pesar 1/3 do resto do corpo dela. “Parece um rabo-de-palha, raio da mulher” pensava eu. . O GMF era do PS (pobre PS). Certamente é, por isso, que o Eng.º Cravinho diz a propósito do pacote da corrupção que o PS tem rabos de- palha. É que o rabo da Teresa era do GMF. Ou ele pensava que era. Será a este pacote que o Eng.º Cravinho se refere, perdão a este rabo-de-palha!

Estranhos realismos

Max Beckmann ( 1884-1950)
auto-retrato ( sem smoking)
Beckamann liga a escolha do smoking como traje para a sua pintura através de uma utopia que ele descreveu nesse mesmo ano como a pintura incluída num artigo intitulado “ O Artista do Estado”: « Os novos sacerdotes destes novos centros culturais têm da aparecer de fatos escuros, ou em ocasiões de cerimónia, de gravata branca e casaca, se não conseguirmos inventar uma forma mais precisa e mais elegante de vestuário masculino. …»
(rapariga à janela, interpretação minha)
"Ver o invisível através do visivel, interpretação minha ? (Balthus, 1908-2001)