Os Emprateleirados e o jornal Expresso
Li este fim-de-semana, no Expresso, a seguinte interpretação desculpabilizante, a propósito da pena de emprateleiramento na CP, que fez correr tinta, toda a semana: “para dançar o tango são precisos dois”.
Isto significa que o jornalista, cujo nome, não recordo, admite que houve cumplicidade no emprateleiramento do Administrador da CP, o Emprateleirado, que esteve a cumprir nos últimos seis anos pena de emprateleiramento, infracção tipo “ indefinido ….” e o Emprateleitador que não sabemos quem seja.
Na motivação do crime social e moral de Emprateleiramento terão estado razões do foro psicológico do Empreteleirador que não sabemos quais, mas gostávamos de saber.
Na opinião do jornalista do Expresso, o Emprateleirado esteve, pois, de livre vontade nessa situação…para dançar o tango são precisos dois, diz ele, mix de desculpa e graçola! Como na gravidez!...Ora com franqueza, senhor jornalista!
Com efeito, sabendo nós que o Emprateleirado não era um jovem, em principio, ou meio- de- carreira, admitimos que o que menos instabilidade traria para sua vida pessoal seria esperar pela data da reforma. Foi o que fez. É certo que poderia (ou não) ter movido um tráficozito de influências para escorregar para um lugar dourado (ao sol), noutra empresa Pública ( ou seja, comer mais do mesmo!) Eticamente seria mais aceitável? Poderia ter feito queixa à Procuradoria – Geral da República, por gestão danosa do sector público (no caso CP). Sim, poderia. Mas deveria?
Alguém acredita que a serena melancolia dos pinheiros, por um instante, bulisse, ainda que tivesse feito?
Não, ao Emprateleirado, restaria sempre cumprir o seu destino. Acreditam que ao Tribunais Administrativos, afogados , como estão, movessem um dedinho qualquer, caso a eles tivesse recorrido?
Porém, se vivemos numa democracia transparente, sem penas morais privadas, sem coutadas, e em que há sempre um Responsável ( nem que seja o Senhor Ministro) agora o Senhor PGR, Dr. Pinto Monteiro devia mandar abrir um inquérito à situação.
Arranjar outra Maria José Morgado e começar a "bater" este campo minado.
Os contribuintes que pagaram o ordenado do senhor merecem uma explicação.
A meu ver é assim, que se cria uma Cultura Política – em que as cumplicidades “marotas”vêem ao de cima. É dentro deste espírito de transparência que se combate outra cumplicidade muito discreta, a corrupção p.p.
Não é criando um Big-Brother, dimensão 1, que será fiscalizado pelo BB2 e a seguir BB3… infinitamente até às nuvens (e nós a pagarmos) que se cria uma cultura de transparência. Aparecem mais uns tipos a vender telejornais, com um ar muito misterioso, segredo para aqui e para ali…!
E a nós, ninguém nos explica nada?
É respondendo taco a taco à opinião pública, separando o trigo do joio, a denúncia honesta da outra, procurando, enfim, que os procuradores encontram o seu papel na democracia. Sem alarmes, sem escandaleiras inúteis, que só servem para vender telejornais.
Só procurando é que se encontra. E ás vezes nem é preciso procurar. As coisas caem do céu aos trambolhões.
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